Marco Feliciano manda prender ativista gays durante o culto
O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) mandou prender duas jovens que participavam do Glorifica Litoral, evento gospel que terminou neste domingo em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.
As jovens de 18 e 20 anos de idade que dizem ser namoradas foram expulsas do evento depois de se beijarem durante a pregação do deputado como forma de protesto. Após acionar a segurança, Feliciano afirmou que elas 'não têm respeito ao pai, à mãe e à mulher'. "A Polícia Militar que aqui está, dê um jeitinho naquelas duas garotas que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas. Não adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é a casa da mãe joana, é a casa de Deus", disse Feliciano para o fiéis presentes.
Após terem sido removidas à força e algemadas por pelo menos seis guardas-civis municipais, por volta das 23h, as jovens foram encaminhadas para a delegacia. No caminho, elas afirmam que foram agredidas pelos guardas.
“Eles tiraram a gente do meio do povo e colocaram para dentro da grade. A partir do momento em que levaram a gente para debaixo do palco, me jogaram de canto na grade, deram três tapas na minha cara e começaram a torcer meu braço”, afirma a estudante Joana Palhares, de 18 anos.
De acordo com a estudante Yunka Mihura, de 20 anos, também havia casais heterossexuais se beijando no local sem problema algum. “Foi completamente injusto e horrível. Nunca senti tanta impotência ao ver os policiais batendo nela, me segurando forte e eu não podendo fazer nada. Não tiraram a gente da grade, fomos jogadas”, diz.
Outro lado
Marco Feliciano disse que a atitude das jovens é um desrespeito ao
culto religioso, ministrado por ele. “Aquilo é desrespeito. Com isso
eles me fortalecem e se enfraquecem, porque qualquer pessoa de bem sabe
que em um ambiente religioso não é lugar de fazer o que aquelas pessoas
fizeram. Eu lido de maneira natural e eles deveriam ter um pouquinho
mais de juízo e me esquecer”, disse Feliciano após o término do culto.
Como o deputado Feliciano tem foro privilegiado, ações desse tipo acabam
sendo encaminhadas para o Supremo Tribunal Federal, para só depois
chegarem ao político.
Já a Prefeitura de São Sebastião informou que abriu uma investigação
para apurar se houve excessos por parte dos guardas que estavam no local
de plantão. Segundo a prefeitura, a Guarda Civil Municipal agiu
inicialmente conversando com as manifestantes na tentativa de retirá-las
do local com segurança.
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