Refugiados da Síria dividem prédio com sem-teto em SP
BBC Brasil visitou sírios, palestinos e egípcios que viviam na Síria e hoje moram nos salões vazios de um edifício comercial.
Longe de milícias, rebeldes armados e exércitos, esses 51 árabes - incluindo sírios, palestinos, egípcios e uma marroquina - tentam recomeçar suas vidas em um bairro de nome sugestivo no centro de São Paulo.
Estão na Liberdade – depois de cruzarem a fronteira síria, passarem pela Embaixada brasileira no Líbano, fazerem escala nos Emirados Árabes, aterrissarem em Guarulhos e tentarem, em vão, vagas em abrigos públicos e hotéis baratos na região do Brás.
Líder no ranking de países que mais recebem refugiados de guerra na América do Sul, o Brasil promete ampliar a emissão de vistos para refugiados de países em guerra. Mas estes estrangeiros reclamam de dificuldades - especialmente em São Paulo, onde o valor dos aluguéis dobrou nos últimos sete anos (a inflação no período foi de 54%).
Imagens após o ataque químico
Sinto falta da minha respiração'
Amina não vai à escola há três anos por conta da guerra.
No período, ela viu amigos e dois primos morrerem e precisou dormir com a família em tendas improvisadas após bombardeios destruírem sua casa.
No período, ela viu amigos e dois primos morrerem e precisou dormir com a família em tendas improvisadas após bombardeios destruírem sua casa.
“Todos os lugares na Síria estão em guerra”, diz Amina, à esquerda; ainda assim, jovem quer voltar ao país
"Todos os lugares na Síria estão em guerra", sussurra a jovem, coberta por uma túnica de flores brancas que só deixa ver seu rosto, suas mãos e seus pés. Ainda assim, com sorriso triste, diz querer voltar.
Junto ao pai (que trabalhava como comerciante na terra natal), à mãe e a seis irmãos, ela está no Brasil há duas semanas – e, como as irmãs, nunca saiu sozinha do salão onde dorme sem qualquer privacidade.
"Sinto falta da vida", diz Amina, agora com voz forte, em uma escalada que só é interrompida pelo choro. "De meus amigos na Síria. Meus parentes na Síria. Todo mundo na Síria. A vida na Síria. Minha respiração na Síria. Meu coração na Síria."
Sua mãe, Hiba, primeiro sorri. Depois chora também.
"Todos os lugares na Síria estão em guerra", sussurra a jovem, coberta por uma túnica de flores brancas que só deixa ver seu rosto, suas mãos e seus pés. Ainda assim, com sorriso triste, diz querer voltar.
Junto ao pai (que trabalhava como comerciante na terra natal), à mãe e a seis irmãos, ela está no Brasil há duas semanas – e, como as irmãs, nunca saiu sozinha do salão onde dorme sem qualquer privacidade.
"Sinto falta da vida", diz Amina, agora com voz forte, em uma escalada que só é interrompida pelo choro. "De meus amigos na Síria. Meus parentes na Síria. Todo mundo na Síria. A vida na Síria. Minha respiração na Síria. Meu coração na Síria."
Sua mãe, Hiba, primeiro sorri. Depois chora também.
Entrar no Brasil
"Só o Brasil me deu visto. Só", conta o cozinheiro Mohammed, em frente a dois maços de Marlboro Light com dizeres em árabe. "Não o Líbano, não a Turquia, não a Europa, não a Arábia Saudita. Só o Brasil."
No Brasil, diferente de países europeus como Alemanha, o governo federal não oferece ajuda financeira a refugiados de guerra.
No caso específico da Síria, o Conare (Comitê Nacional para Refugiados, ligado ao Ministério da Justiça) facilita oficialmente a entrada no país de fugitivos da guerra.
Assim que chegam ao Brasil, eles são orientados a procurar a Polícia Federal para darem entrada em seu pedido de refúgio (que demora até dois anos para ficar pronto).
Até o início da guerra, em 2011, só 16 sírios viviam refugiados no Brasil, segundo a Acnur (agência das Nações Unidas para refugiados). Hoje são mais de 2 mil.
"Só o Brasil me deu visto. Só", conta o cozinheiro Mohammed, em frente a dois maços de Marlboro Light com dizeres em árabe. "Não o Líbano, não a Turquia, não a Europa, não a Arábia Saudita. Só o Brasil."
No Brasil, diferente de países europeus como Alemanha, o governo federal não oferece ajuda financeira a refugiados de guerra.
No caso específico da Síria, o Conare (Comitê Nacional para Refugiados, ligado ao Ministério da Justiça) facilita oficialmente a entrada no país de fugitivos da guerra.
Assim que chegam ao Brasil, eles são orientados a procurar a Polícia Federal para darem entrada em seu pedido de refúgio (que demora até dois anos para ficar pronto).
Até o início da guerra, em 2011, só 16 sírios viviam refugiados no Brasil, segundo a Acnur (agência das Nações Unidas para refugiados). Hoje são mais de 2 mil.
Assinar:
Postar comentários
0 comentários:
Postar um comentário